O pâncreas e as glândulas exócrinas e endócrinas, tecidos que apresentam função de secretar substâncias, que possuem atividades específicas. Nosso corpo possui milhares de pequenas glândulas situadas em vários órgãos e estruturas. Na realidade, é um tipo de tecido epitelial de revestimento, cujos tipos mais comuns são: simples (uma camada), pseudo-estratificado (camadas de células com núcleos em várias alturas), estratificado (duas ou mais camadas). No caso, as glândulas são um tipo de epitélio estratificado glandular, cuja especialidade é sintetizar, armazenar e secretar proteínas, caso do pâncreas; lipídeos, a exemplo da adrenal e sebáceas ou; carboidratos e proteínas, como no caso das glândulas salivares.

Bem, dentre os vários critérios para classificar o epitélio grandular, é interessante apresentar aqui a classificação baseada na organização das células, que consiste na divisão em glândulas exócrinas (exo=para fora), são as que mantém a ligação com o epitélio do qual se originaram, através de ductos tubulares, por onde saem secreções que tanto podem ir para a superfície do corpo como para uma cavidade. E as glândulas endócrinas (endo=para dentro), cuja ligação com o epitélio desapareceu durante o desenvolvimento, elas não têm ductos e as secreções produzidas por elas vão direto para a circulação sanguínea, que as carrega para o seu local específico de ação.

O pâncreas apresenta função mista. É composto por glândulas exócrinas, organizadas em ácinos, que produzem, armazenam e secretam enzimas digestivas, a maior parte inativadas (pré-enzimas), a fim de proteger o pâncreas da ação destas enzimas. E a glândula endócrina que também está na composição do pâncreas e é conhecida como ilhotas de Langerhans, que sintetizam, armazenam e secretam hormônios.

Antes de seguirmos para os hormônios, uma informação interessante, sabe aquela pancreatite hemorrágica aguda? Pois é, ela pode ocorrer por uma ativação das pré-enzimas sintetizadas e armazenadas nos ácinos da glândula exócrina, uma vez ativadas vão digerir o pâncreas, podendo levar a sérias complicações. Enzimas são sintetizadas: amilase, calicreinogênio, fosfolipase (A2), nucleases (ribonuclease, desoxirribonuclease), lipases (de triglicerídeos, co-lipase e hidroxilase carboxil-éster), proteinase (E), pré-elastases (1 e 2), pré-carboxilases (A1, A2, B2, B2); quimiotripsinogênio, tripsinogênio (1, 2 e 3).

Voltando para as ilhotas de Langerhans, que sintetizam os hormônios, substâncias que funcionam no organismo como sinais químicos. As ilhotas se distribuem pelo pâncreas e são compostas por 4 tipos de células, cada uma secreta um tipo de hormônio diferente. A divisão é mais ou menos a seguinte: células alfa secretam glucagon, células beta secretam insulina, por sua vez, as células gama, gastrina e; não menos importante, as células fi ou F secretam um polipeptídeos pancreático. A insulina, é um fator pancreático que age em um grande número de tecidos: muscular, miocárdio, fígado, leucócitos, tecido adiposo, glândula mamária, vesículas seminais, fibroblastos, ossos, cartilagens, pele, nervos periféricos, timo, cérebro etc. Mas suas funções específicas acontecem no tecido adiposo, músculo e fígado, que vamos nos debruçar para melhor compreensão do leitor.

Insulina no tecido adiposo – é o principal promotor hormonal do armazenamento de nutrientes no tecido adiposo e, ao mesmo tempo, impede a lipólise (quebra de lipídeos em ácidos graxos e glicerol); Aumenta a captação da glicose pela célula adiposa e incrementa a sua oxidação e a formação de alfa-glicerofosfato a partir da glicose, que é uma substância importante na síntese de triglicérides; ainda aumenta a síntese de ácidos graxos e a atividade de lipase lipoproteica. Nesse caso, a célula adiposa recebe maior quantidade de ácidos graxos, que são utilizados para a lipogênese (síntese de triglicérides). Observe, a insulina, ao mesmo tempo, inibe a lipólise e estimula a lipogênese. O efeito será aumento da massa gordurosa no tecido adiposo e redução da taxa de ácidos graxos livres, diglicerídeos e corpos cetônicos no sangue.

Insulina no músculo – ela controla e estimula a passagem de glicose ao interior da fibra muscular, sendo armazenada na forma de glicogênio. Ao mesmo tempo, aumenta a glicólise (degradação da molécula de glicose em duas moléculas de piruvato). Aumenta também a oxidação de glicose e piruvato. Vai estimular o transporte sódio-dependente de aminoácidos através da membrana celular. Aumento geral de RNA e diminuição da degradação de RNA, assim como aumento da velocidade de transdução de RNAm. Vai também promover aumento da síntese proteica, e também de alguns aminoácidos. Como ela facilita o uso da glicose pelas células musculares, apresenta função hipoglicemiante.

Insulina no fígado – A insulina induz e controla enzima glicoquinase hepática, que atua na fosforilação da glicose-6-6-fosfato, na passagem da glicose através da membrana plasmática. O hormônio aumenta a glicólise hepática, pois controla duas enzimas que atuam na reação, a fosfofrutoquinase e piruvato-quinase. Também age na glicogênio-sintetase, enzima chave na síntese de glicogênio. Aumenta a síntese de lipídeos; enquanto no metabolismo dos lipídeos reforça a captação de ácidos graxos livres pelo fígado, como também aumenta a síntese de ácidos graxos. A insulina também aumenta a síntese hepática de colesterol pois ativa a enzima HMG CoA redutase e também favorece o armazenamento de triglicerídeos. Para enfatizar, a insulina no fígado reduz a gliconeogênese a partir de aminoácidos, e controla a lipólise, reduzindo a taxa de ácidos graxos livres e dos corpos cetônicos.

Bom, essa conversa é a segunda parte da questão inicial: O açúcar vicia ou não? A ideia era apresentar em três posts, mas creio que será em mais, pois estou fazendo tudo de forma a facilitar a compreensão de quem lê o blog. É importante que se entenda o mecanismo do organismo para não ficar igual a um profissional qualquer, que apenas repete, sem ter o embasamento teórico para fundamentar sua afirmação ou a negação da questão. No próximo post vou continuar a série sobre os hormônios, onde iniciei hoje sobre a insulina. Bom, para finalizar e já dar o link do próximo post é, quem o estímulo para que ocorra a secreção de insulina estão divididos em três grandes grupos: os nutrientes, os neurotransmissores e hormônios.

Cansou de ler? É bioquímica na veia para entender a nutrição. Quem quer aprender, sobe no busão, quem não quer, até a próxima. Se gostou, não esquece dar seu like lá no @andreamendonca12 e no @busaodanutricao. É importante para que a informação fundamentada seja divulgada. Tem muito profissional aí ensinando de forma inadequada. Até a próxima!