E aí? Você conhece as funções do rim? Embora apresentem funções bastante complexas, muitas pessoas acreditam que a função renal está relacionada única e exclusivamente com a função urinária. Mas estes dois pequenos órgãos, em formato de grão de feijão, que num adulto medem aproximadamente 10cm a 13cm e pesam entre 120g a 180g apresentam muitas funções, mas duas podem ser destacadas e são consideradas importantes, pois na insuficiência renal são as mais prejudicadas – função de natureza endócrina e urinária. Semana passada, fomos de fígado, o grande biotransformador do organismo que atua em parceria com os rins, pulmões e intestino.

Hoje, vou abordar as funções hormonais do rim, que embora não seja considerado uma glândula endócrina, apresenta várias estruturas, secreções e funções que lhe dão um papel hormonal. As funções endócrinas que podem ser citadas são:

a) Secreção de eritropoietina (EPO) – hoje, acredita-se que o rim produz a glicoproteína eritropoietica.

b) Secreção de renina – substância de ação enzimática, atua sobre uma fração a2-globulina das proteínas plasmáticas que origina um decapeptídeo denominado de angiotensina-1 e um octapeptídeo conhecido como angiotensina-2, esta última apresenta ações fisiológicas importantes, tais como ação vasoconstritora, ação estimulante direta da reabsorção de sódio, ação estimulante da secreção de aldosterona no córtex supra-renal, ação sobre as células mesangiais do glomérulo e estimula a sensação de sede no núcleo sub-fornicial do hipotálamo.

c) Secreção de calicreina e formação de cininas plasmáticas – quando ocorre diminuição de oxigênio, o organismo libera calicreina, cuja função enzimática atua na liberação de um substrato proteico (alfa2-globulina) peptídeos de 8 a 10 aminoácidos, as cininas plasmáticas que agem como moduladoras da função renal, agindo como um vasodilatador (controle do tônus vascular sistêmico), podemos destacar a bradicinina.

d) Secreção de eicosanoides – substâncias derivadas do ácido araquidônico que também agem como agentes moduladores da função renal. Podem ser destacadas as funções de PGE2 e PGI2, de ação vasodilatadora, que agem na arteríola eferente, reduzindo a condutância e aumentando o fluxo sanguíneo medular, controlando a hiperosmolaridade da medula renal e, assim, os processos de concentração e diluição de urina.

e) Secreção de derivados di-hidroxilados de calciferol – Esta é uma importante função do rim, estes hormônios são os mais importantes originados da vitamina D ou calciferol. A vitamina D3 ou calciferol é hidroxilada inicialmente no fígado no carbono 25, formando o 25-hidroxicolecalciferol; em seguida, no rim, este hormônio é hidroxilado novamente, sob a ação de duas enzimas hidroxilases, 1 e 24 e assim são formados dois hormônios 1,25-di-hidroxicolecalciferol ou calcitriol e o 24,25-di-hidroxicolecalciferol. Estes dois hormônios regulam a calcemia e a fosfatemia. Na insuficiência renal, principalmente na crônica, ocorrem alterações no metabolismo do cálcio e do fósforo e ao mesmo tempo, pode ocorrer comprometimento das funções ósseas e dentárias.

f) Metabolismo da tiroxina – o rim parece ser o único órgão que exerce a ação monodesiodante da T4 ou tiroxina, ou seja, aparentemente no córtex ocorre ação enzimática, a 5′ monodesiodase que retira um iodo da molécula de T4 ou tetraiodotironina, transformando-a em tri-iiodotironina ou T3, que é o hormônio em si. Em resumo, para que atuem nos tecidos, os hormônios tireoidianos precisam ser metabolizados antecipadamente no rim.

g) Função metabólica – estudos comprovam que o rim apresenta função importante no controle da glicemia, em razão da elevada capacidade de gliconeogênese, pode regular uma hipoglicemia provocada, aumentando a síntese de glicose; por outro lado, em caso de insuficiência renal crônica, geralmente ocorre resistência à insulina.

Ufa! É coisa não é? Esta semana, o rim está dando a sua cara por aqui, acompanha que o próximo post será função homeostática do rim, vamos devagar para que você leia e compreenda melhor. Se tiver dúvidas, comenta aqui.