Acredito que os microrganismos que mais se ouve falar nos últimos tempos são lactobacilos e cândida, pode-se dizer que são bastante famosos nos artigos, mídias sociais etc., mas, para entender melhor este duelo, que pode até ser escrito: Lactobacilos versus Cândida. É importante compreender o que é a microbiota intestinal ou a flora intestinal, que está presente no organismo humano. Esta microbiota é composta por uma grande quantidade de bactérias, fungos e outros microrganismos invisíveis, que fazem parte do nosso ecossistema. Algumas benéficas, como Lactobacilos, Bifidobactérias e Saccharomyces boulardi; algumas bactérias saprófitas, que não fazem bem nem mal e; as patogênicas como a cândida, a brucela e muitos outros. No intestino saudável, estas bactérias patogênicas têm suas ações maléficas contidas pela superioridade quantitativa das bactérias úteis. Do mesmo modo que existe a individualidade bioquímica, existe a individualidade da microbiota intestinal. Assim, é importante ressaltar que cada indivíduo apresenta cerca de 160 bactérias distintas, sendo que cerca de 80% desta microbiota é específica de cada indivíduo, ou seja, existe uma diversidade microbiana interindividual, onde cada ser humano possui um padrão bacteriano exclusivo, que é determinado, em grande parte, pelo próprio genótipo do hospedeiro.
Esta flora intestinal apresenta, basicamente, três funções benéficas, que podem ser divididas em: metabólicas, tróficas e protetoras. No que diz respeito às funções metabólicas, podemos citar a fermentação de ácidos graxos de cadeia curta, produção de energia, síntese de vitaminas (Complexo B e K) e absorção de minerais como magnésio e cálcio. No tocante a propriedades tróficas, destaca-se a diferenciação, a proliferação das células epiteliais intestinais e a proliferação de linfócitos intraepiteliais. E, finalmente, em relação as capacidades protetoras, estudos demonstraram que a colonização intestinal induz o desenvolvimento anatômico do epitélio intestinal, acelera a taxa de renovação epitelial e dá início a maturação do tecido linfoide Gut Associated Lymphoid Tissue (GALT). O grande número de estruturas linfoides na mucosa do intestino delgado, as placas de Peyer, demonstra a influência da microbiota sobre a função imune. Ao microbioma é atribuída a aptidão para formar uma barreira à colonização do intestino por bactérias patogénicas, a diminuição do pH associada à produção de ácidos e o estímulo à produção de substâncias, como a imunoglobulina (Ig) A e mucina que inibem a adesão de agentes patogénicos. Pesquisam demonstram que existe influência do microbioma na maturação do sistema imunitário, bem como no surgimento de alergias e doenças inflamatórias intestinais.
Em razão do que está descrito acima, é importante compreender a importância de uma microbiota saudável para o bem-estar do ser humano. Quando ocorre um distúrbio do equilíbrio microbiano, as espécies bacterianas patogênicas ganham terreno, ocasionando assim uma situação de risco. Deste modo, algumas dessas bactérias podem colonizar o intestino delgado, com consequências bastante sérias: digestão inadequada de nutrientes, toxinas podem se comportar como proteínas. É a famosa DISBIOSE, que nada mais é do que o desequilíbrio sério da flora intestinal.
Sempre que ocorre a DISBIOSE, a Candida Albicans é o primeiro dos microrganismos perigosos que se faz notar. A cândida na verdade é um fungo, o mesmo que provoca “sapinhos” nas crianças e a candidíase vaginal nas mulheres. Pode provocar ainda enxaqueca, dor abdominal, depressão, insônia, dificuldade de concentração e até o aumento da permeabilidade intestinal. No caso deste último, acontece porque, atualmente, se consome muito aspartame (adoçantes), quando este se combina com a cândida, esta última produz uma enzima que corrói o cimento que une as células, resultando em furos na parede do intestino. A fadiga crônica está bastante relacionada aos alimentos preferidos pela cândida, que são os carboidratos, especialmente, os açúcares refinados. A partir do açúcar, ocorre a proliferação do fungo, cujas toxinas impedem a entrada de vitamina B6 (piridoxina) no cérebro, interferindo na produção de substâncias importantes como a serotonina e outros neurotransmissores. A cândida também pode estar associada a problemas endócrinos e hepáticos, principalmente em pessoas cujo consumo de proteínas é excessivo; em combinação com as proteínas, ela forma amônia, que pode afetar o fígado, quando o sistema imunológico não está muito bom.
Atualmente, o tratamento da cândida é realizado utilizando antibióticos. Minha conduta, no aspecto nutricional, geralmente é associar altas quantidades de lactobacilos, tendo em vista por apresentarem ação antagônica à cândida, eles vão enfrentar e ajudar a coibir a ação do fungo.
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