Eu tenho depressão crônica, o que para muitos pode ser considerado uma fraqueza, para mim se tornou a minha força. Como posso te  ajaudar? Leia o texto.

Como assim Andréa? Você tem depressão crônica? Você pode se perguntar ao ler este post. Mas é muito fácil de explicar. A partir do momento em que eu recebi a notícia através do médico psiquiatra que me acompanha, não entrei em negação ou me tornei vítima da doença. Não, eu decidi fazer com que ela se tornasse a minha força. Com calma, fui refletir sobre como poderia conviver com o transtorno psiquiátrico da melhor forma possível. O que eu poderia aprender sobre a depressão. Como poderia melhorar os sintomas, talvez até reduzir. Quais alimentos consumir. O que a atividade física poderia fazer para melhorar a sintomatologia. Quais os sintomas da depressão? Você pode ser perguntar, são muitos e variados, dependendo de cada pessoa. E mais, os sintomas da depressão costumam ser silenciosos.

Explico melhor: Uma pessoa sem depressão, fica triste, mas a tristeza passa, e ela segue sua vida de forma normal. Por outro lado, uma pessoa com depressão crônica sem tratamento. Ela simplesmente não consegue seguir a vida. Fica presa à situação que a fez ficar triste, e remoendo o que aconteceu, até não conseguir mais parar. É importante ressaltar, que os sintomas variam de pessoa para pessoa. Embora apresentem alguns em comum, tais como a tristeza profunda, o vazio interior que faz a pessoa não sentir apego a vida.

Os meus sintomas, são vários. Não consigo me concentrar para fazer nada. O sono vai embora ou quando durmo,  é bastante leve. Fico com a impressão de que não sei fazer absolutamente nada. Tudo o que me proponho a fazer, parece que eu não tenho ideia de como é. De tal forma, que prejudica o meu lado profissional. Imagina você, que eu professora, tenho a nítida convicção que sou incompetente para dar aulas, seja de qual tema for. Daí, como sou apaixonada pela minha profissão, isso me leva ao fundo do poço, e vai piorando, ao ponto de eu começar a ver pontos pretos piscando na minha cabeça. E a vida para mim já não faz mais sentido, tanto faz eu estar viva ou morta. E na maioria das vezes fico imaginando formas de morrer, isso 24 horas por dia. Além de outros sintomas como dores no corpo, vontade de ficar fazendo nada etc.

Mas o que eu fiz para lidar com a depressão crônica? Ciente da doença, eu pensei que precisava viver da melhor forma possível. Assim, além do tratamento prescrito pelo psiquiatra, que consistia em medicamentos, alimentação adequada, exercícios físicos, terapia, busquei tudo o que eu pudesse fazer para viver bem. Além disso, estudei a doença para compreender como poderia utilizar o meu conhecimento para lidar melhor com ela. O primeiro passo foi entender que a depressão, pode ser ocasionada por fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais.

No que diz respeito ao fator genético, estudos apresentaram que a causa genética , em grande parte dos casos, é em razão de uma mutação na molécula do DNA que compõe o gene identificado por HTTLPR. O mesmo está localizado no cromossomo 13, este gene produz uma substância que transporta a serotonina. Uma das funções mais importantes da serotonina é controlar os níveis de adrenalina, retirando o excesso presente. Para que isso ocorra de forma adequada, é necessário que a serotonina seja transportada pelas proteínas produzidas no gene HTTLPR. Quando o gene não produz a proteína transportadora de serotonina, a adrenalina vai agir livremente, provocando a depressão.

Outro fator que pode levar a depressão é deficiência de TRIPTOFANO, que vai atingir de forma direta os neurônios. Ele é extremamente importante, pois faz parte da composição de quase todas as proteínas, enzimas e hormônios do organismo. E um detalhe, o triptofano não é obtido da degradação de proteínas do organismo, ele precisa ser consumido de fontes externas, através de alimentos que sejam ricos neste aminoácido. O triptofano é o único precursor da SEROTONINA, quando ele perde o grupo carboxila e ganha um grupamento hidroxila em sua estrutura, ele se transforma no neurotransmissor serotonina. Além de controlar os níveis de adrenalina, a serotonina, auxilia no sono, diminui a dor, controla a ansiedade, atuando como um antidepressivo natural. Quando a quantidade de triptofano está adequada no organismo, a serotonina é produzida normalmente e exerce suas funções, provendo a sensação de bem estar.

Enfatizo que, os alimentos sozinhos não evitam a depressão. Há pessoas que recebem alta médica dos medicamentos. Outras que precisam tomar remédios para controle durante muito tempo ou até o final da vida. Acho extremamente perigoso quando vejo pessoas sem conhecimento adequado da fisiopatologia da depressão fazendo posts incentivando as pessoas a comer alimento x ou y para “prevenir” depressão. Doença não se previne, se diminui o risco de ter.

Atualmente, com a depressão crônica instalada. Sou acompanhada por terapeuta e médico psiquiatra, faço atividade física diariamente, tomo um medicamento para controle da depressão. Tomo probióticos para manter a flora intestinal equilibrada. Tendo em vista que apenas 5% da serotonina endógena está presente no cérebro, o 95% restantes está no intestino. Além disso, tomo magnésio dimalato, leveduras de cerveja (ricas em vitaminas do complexo B), vitamina K, L-triptofano e ômega 3. Procuro ter uma alimentação rica nos seguintes alimentos: ovos, leite, queijo ou requeijão, chocolate amargo, banana, nozes, amêndoas, mel, sementes e grãos. E finalmente, eu já não me coloco em situações que tenho ciência que podem ser gatilhos para uma nova crise depressiva. É de fato, usar a inteligência para seguir adiante na vida, trabalhando de forma efetiva, além de estar sempre ao lado de pessoas que me fazem bem, família, amigos queridos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que atualmente são mais de 300 milhões de pessoas com depressão no mundo. São pessoas que estão em seus campos de trabalho sendo julgadas pelos colegas, muitas vezes sendo difamadas e em tal situação se vêem  presas, sozinhas, sem acolhimento. O que é costumeiro, a  sociedade não está pronta para lidar com transtornos mentais, não se aprende sobre o a assunto nas escolas. Por este motivo é importante todos nós, cidadãos, praticarmos a empatia, esta habilidade humana precisa ser aprendida, estimulada e principalmente, valorizada.

O post de hoje foi para tentar auxiliar aos que temem expor sua depressão crônica ou não. Seja por medo de preconceito, discriminação. Eu acredito que ao falar, posso ajudar muitas pessoas a buscar tratamento médico adequado para esta doença. Se o texto tocou você de alguma forma, se você se encaixa em alguma situação descrita acima, procure ajuda, fale, comente aqui. Será que eu posso te ajudar?  Sou Andréa Mendonça, tenho depressão crônica.