Atualmente, fala-se muito na valorização da ciência, pois hoje eu vou apresentar uma questão científica sobre a biologia animal e o motivo da discussão sobre o Super Homem gay. É uma questão muito sensível, lembrando, sou responsável pelo que escrevo e não pelo que VOCÊ entende.
Quando falamos em machos e fêmeas, a teoria de Darwin ainda prevalece, segundo o autor, machos e fêmeas diferem em relação às características sexuais primárias e secundárias. Características sexuais primárias dizem respeito aos órgãos sexuais, que são diferentes entre os sexos. Por outro lado, as características sexuais secundárias estão relacionadas ao dimorfismo sexual externo que representa as diferenças marcantes existentes entre os machos e fêmeas de uma determinada espécie. No caso dos seres humanos, podemos citar o desenvolvimento das mamas no sexo feminino, pênis no sexo masculino, pêlos faciais e pubianos, modificação da voz etc. Normalmente, as características sexuais secundárias estão relacionadas com a reprodução. O exemplo citados são os pavões, cujo dismorfismo sexual é mais perceptível, o tamanho maior do macho, presenças das penas longas e coloridas nos machos, enquanto nas fêmeas, as penas e a coloração é bem mais discreta. A cauda longa e chamativa é para atrair a fêmea e garantir a reprodução. Os sistemas de acasalamento são estudados há milhares de anos, e vários estudos já demonstraram que os animais podem apresentar diversos comportamentos sexuais não reprodutivos. Cientistas já observaram comportamento homossexual em mais de 1500 espécies de animais, incluindo aí, aves, répteis, mamíferos, peixes, anfíbios e até insetos.
Por outro lado, o que é GÊNERO, na língua portuguesa, a palavra gênero apresenta inúmeros contextos e seu significado vai depender do campo do conhecimento onde o discurso é apresentado. Um artigo muito bom intitulado “O termo gênero e suas contextualizações” que precisa ser lido por todos que apresentam desconhecimento sobre o significado amplo da palavra. De forma resumida, tomo a liberdade de apresentar o que Joan Scott apresenta sobre gênero “enfatiza o sistema de relações que pode incluir o sexo, mas não é diretamente determinado por ele e nem determina a sexualidade do indivíduo”. Na verdade, atualmente ainda há pessoas que associam a palavra gênero apenas ao sexo biológico, tanto que ainda encontramos quando vamos preencher algum formulário a opção gênero e duas opções para marcar – feminino ou masculino. Muitos ainda não consideram a ampla diversidade sexual existente.
A sociedade ainda está amadurecendo no que diz respeito à compreensão do que significa ser homossexual, que NÃO É UMA ESCOLHA PESSOAL. Onde alguém acorda um belo dia e diz “hoje vou ser homossexual”. NÃO, orientação sexual é uma condição da BIOLOGIA ANIMAL, no caso dos seres humanos, da biologia humana. Um estudo realizado na Austrália por Bailey e colaboradores, publicado no Journal of Personality and Social Psychology (2000), onde os cientistas recrutaram gêmeos e avaliaram a orientação sexual e dois traços relacionados – inconformidade de gênero na infância e identidade de gênero contínua, os resultados demonstraram aproximadamente 8% das mulheres e homens são homossexuais. Outro estudo conduzido pelo geneticista Brendan Zietsch, que estudou a influência da genética no comportamento sexual, analisou 500.000 pessoas e os resultados demonstraram que não há apenas um gene que influencia o comportamento homossexual, mas sim vários genes que atuam na probabilidade de uma pessoa ter parceiros do mesmo sexo. Enfim, são muitos estudos, em muitos países, realizados por cientistas médicos, médicos psiquiatras, psicólogos, geneticistas, biológos etc. E TODOS estudos apresentam praticamente a mesma resposta, NÃO É OPÇÃO ser homossexual ou não ser homossexual.
Mas, o que eu gostaria de expor aqui neste post? A sociedade em geral ainda está em processo de reconhecimento da própria sexualidade, seja ela homossexual, heterossexual etc. São tantas as denominações que eu me perco em alguns momentos em razão das diferentes nomenclaturas, inclusive a Natura apresenta de forma bastante didática o significado do termo LGBTQi+, vale a pena ler o glossário. Neste processo de reconhecimento da própria sexualidade, há pessoas que já assimilaram e não apresentam preconceitos, seja por compreenderem que homossexualidade não é escolha, seja por simplesmente não ver problema algum na diversidade sexual, enfim, são vários os motivos para os que não apresentam preconceitos e é difícil apontar todos. Mas, eu enfatizo, a sociedade está ainda em processo de reconhecimento da ampla diversidade sexual existente. Há pouco mais de 30 anos, ser homossexual era considerado uma patologia, onde muitos homossexuais foram internados em manicômios, também apanhavam para deixar de “ser fresco” (um dos termos usados para designar homossexuais), sofriam e eram julgados como pessoas anormais. E tal intolerância ainda acontece nos dias atuais, ou alguém esqueceu Dandara e a forma cruel que foi assassinada? E tantos outros casos de assassinatos em decorrência da intolerância.
Porém, é importante enfatizar aqui, que a sociedade não é apenas preconceituosa com homossexuais, é intolerante com negros, com gordos, com mulheres livres que fazem sexo quando e com quem tem vontade e até hoje são julgadas pelas próprias mulheres e homens, esses aí, nem se fala. Se acham no direito de chamar as mulheres livres de “puta” (no Brasil), “vadia” nos EUA e por aí vai. Há intolerância com pessoas com transtornos psiquiátricos, que se tem depressão são denominados de preguiçosos e uma infinidade de denominações. Do mesmo modo, a intolerância parte de todos os lados, há homossexuais que não suportam trabalhar com mulheres, dizem que são problemáticas quando tem filhos. há homossexuais que não gostam de negros, que não suportam pessoas gordas e dizem abertamente, eu não gosto de gente gorda, são pessoas preguiçosas etc. Além do conflito da sociedade e as diversas orientações sexuais, há um conflito sério de gerações, inclusive a geração Z (nascidos entre 1995 – 2010), que se acha tão moderna, antenada, É EXTREMAMENTE PRECONCEITUOSA, pois se acha no direito de atacar a geração Y (nascidos entre 1985 – 1995) e atacar também todas as outras gerações, simplesmente por acharem as outras gerações ultrapassadas.
É notória a falta de respeito que existe atualmente entre gerações e ao mesmo tempo que existe a luta contra preconceito em relação a homossexualidade, existe também uma luta preconceituosa no sentido contrário, dos homossexuais contra a sociedade. Todos querendo impor os seus pontos de vista a todo custo. Mas, você que está lendo este texto, sabe que o funil converge para o mesmo lado? Estamos tendo a oportunidade de vivenciar a imposição do machismo, estamos assistindo e participando todos nós, sem nos darmos conta de que a situação atual nos foi imposta a vida toda, a nós mulheres, que passamos a vida toda lutando por espaço e igualdade. Nós, mulheres estamos lutando até hoje por representatividade, igualdade salarial, espaços de liderança, espaços na política etc. O machismo nos fez lutar ferozmente pela busca dos nossos espaços. Deixa eu explicar melhor para você que não está entendendo a associação entre homossexualidade, Super Homem gay, luta pelo preconceito, segue a leitura que agora vai ficar interessante se você raciocinar junto comigo.
Os homens sempre foram machistas e unidos, é fato. Tanto que conseguiram espaços elevados na hierarquia social, uma mulher pode ter o mesmo conhecimento, ser capaz, mas o homem sempre terá prioridade no ambiente profissional. Agora, a classe masculina está dividida, existe um grupo homossexual que está em situação de poder e existe um grupo heterossexual que também está no poder. O grupo homossexual está lutando pelo seu espaço como nós, mulheres fizemos a vida toda, estão agindo como os homens que são, ou você pensa que por ser homossexual, ele deixou de ter seu pensamento machista, de impor a sua vontade, óbvio que não. A mulher homossexual ela acredita estar no comando também na luta contra o preconceito, mas na verdade, a luta maior está sendo conduzida em grande parte pelos homens homossexuais, que estão em situação de poder. Estão nos cargos de direção das grandes empresas, nas mídias de comunicação, sendo autores de novelas, de jornais etc. Assim, quando uma empresa apoia um posicionamento considerado homofóbico, o que acontece? O grupo, que está unido, “cancela” aquela empresa, que hoje pensa duas vezes em razão da questão financeira, não existem uma preocupação com uma sociedade melhor como muitos se pensam ou floreiam, não, a empresa está apenas agindo para o lado que ela considera mais forte. Você quer entrar na mídia hoje? Promova um casamento gay, pronto a mídia joga todos os holofotes no promotor do casamento gay, que muitas vezes não faz por não ter preconceito, faz por já ter entendido como funciona o sistema atual. Quer ficar famoso, ser contratado pelas emissoras de tv ou ser chamado para programas? Seja “politicamente correto”, mesmo que em seu interior, seu posicionamento seja contrário, exteriorize ser ativistas das causas da moda, ambiente, preconceito etc. Pronto, sucesso garantido, principalmente em tempos de redes sociais, onde facilmente se é cancelado ou glamourizado, detalhe, o grupo que cancela é muitas vezes o mesmo grupo que glamouriza, observe!
A mídia e o mercado de trabalho compreenderam bem como usar isso a seu favor. Como? Aplicando o Tokenismo, que consiste em promover uma inclusão simbólica, ou seja, faz uma concessão apenas superficial a um grupo minoritário, assim o grupo minoritário fica satisfeito, se achando incluído. Martin Luther king foi o primeiro a usar o termo “tokenismo” na década de 60, “token” significa símbolo. Deste modo, a mídia escolhe um homossexual (veja se tem alguma mulher homossexual sendo “token”, são apenas um ou outro homossexual do sexo masculino) e coloca a figura na mídia, fazendo propagando, ganhando dinheiro etc. Fazendo isso, o grupo minoritário fica com a ilusão de que o preconceito está acabando, mas isso não acontece com todos, apenas com o “token” que fica rico e passa para todos, sem perceber obviamente que está sendo usado como uma bandeira. Do mesmo modo, a mídia pega um negro ou negra ou um casal de negros e usa a mesma estratégia, mostrando com uma falsa bandeira progressista, dando a entender que apoia a diversidade, a igualdade. E vamos de novo para a ciência, a pesquisadora Rosabeth Kanter, professora na Universidade de Harvard diz que o “tokenismo transforma as pessoas em ícones representativos, apagando a individualidade e perpetuando o status quo. E que isso trás sérias consequências para a sociedade – 1) Visibilidade distorcida sobre a minoria representada pelo token; 2) polarização entre grupos; 3) assimilação que gera estereótipos. Por outro lado, o “token” ou seja, a pessoa símbolo se vê aprisionada em um papel de representação, tendo que cumprir com as expectativas do grupo que representa. O artigo você pode ler aqui.
O assunto é longo, e com certeza dará mais posts sobre a temática. Mas a ideia aqui é simplesmente abordar a questão do RESPEITO. A sociedade de forma geral, todos os grupos é importante ressaltar, homossexuais, heterossexuais etc. Ninguém está respeitando ABSOLUTAMENTE NADA, NEM NINGUÉM. Cada grupo está lutando pelo seu espaço, um querendo impor ao outro o seu posicionamento. Se de um lado, há uma sociedade que está buscando aprender, corrigir erros do passado, há um grupo que está agindo da forma com que sempre aconteceu, buscando calar a boca dos que não estão de acordo com determinadas mudanças. E aí, surge a figura do Super Homem gay publicado pela DC Comics (subsidiária da WarnerMedia) para mostrar a luta entre os dois grupos. Mas muitos perguntam, isso tudo por uma história em quadrinhos? Não é apenas isso, é o imaginário de muitos que acompanharam a vida do herói, que sempre torceram que o Super Homen se apaixonasse pela Mulher Maravilha e não pela insossa Lois Lane, afinal em 1974 aconteceu de fato o beijo entre os dois super heróis, mas tudo não passou de uma mentira para salvar Lois Lane de um vilão. E em 1981, quando o Deus Eros fez Super Homen e Mulher Maravilha se apaixonarem, mas também ali não rolou, foi apenas um encanto do Deus. Ora, você acha mesmo que o Super Homen ficaria com uma mulher forte como a Mulher Maravilha, lutadora, com opiniões próprias? C-L-A-R-O que não né. Poucos homens na vida real querem uma mulher forte ao seu lado.
E aí, vem algumas perguntas que me faço sobre inclusão e preconceito. Por qual motivo não colocaram a Mulher Maravilha lésbica? Claro que não, decidiram pelo Super Homem, por machismo? Será mesmo luta por representatividade? E se for representatividade, qual o motivo de não colocar um Super Man negro? Ou a Mulher Maravilha autista? Ou 007 cadeirante? São questionamentos que me faço e sinceramente, eu também não gostei da ideia do Super Man gay, acabou com meu imaginário adolescente, onde tantas vezes romantizei o final feliz do super herói americano, mesmo que fosse com a insossa Lois Lane. Mas, fiquei menos chateada ao saber que o Super Homem gay, não será o personagem Clark Kent, e sim o filho Jon Kent que será bissexual e terá um romance com o jornalista Jay Nakamura. Será outra geração.
Então, começando tudo de novo para finalizar, repetindo a palavra RESPEITO, todos nós, precisamos aprender a respeitar, nem tudo é homofobia como muitos já denominam e já buscam o cancelamento de vidas humanas. Vivemos em uma sociedade muito complexa, onde a intolerância impera e repito, DE TODOS OS LADOS. Do lado dos que sofrem preconceito em razão de sua orientação sexual, que agem também de forma intolerante, querendo impor seus pontos de vista a todo custo, querendo que a sociedade mude de forma rápida. E também do lado dos que não aceitam a orientação sexual dos homossexuais, um lado não ouve o outro. E ficam todos numa briga eterna de braço, e quem perde é a sociedade em geral. Mas repito, nós, mulheres estamos tendo a oportunidade de vivenciar o machismo dos dois lados, dos homens homossexuais e dos homens heterossexuais, sim não se iluda, o homem homossexual também é machista, pois no momento está recusando os direitos individuais, simplesmente coloca a tarja de homofobia em quem se posiciona, oprimindo de forma dura quem não concorda com algumas mudanças que estão ocorrendo, o exemplo mais gritante surgiu agora, com a questão do Super Homem gay, dizer que não gostou da mudança saber que se pode ser taxado de homofobia. Isso está bastante claro, não enxerga quem não quer.
É isso, eu aqui exprimi a minha opinião, baseada em estudos, busquei elaborar um retrato do momento em que vivo e de como vejo a sociedade, o mínimo que espero de você é RESPEITO, eu acho que tenho o direito de poder falar, afinal, ainda vivo numa sociedade livre.
Perfeito sua visão professora sobre os grupos sociais e em como a mídia age a quem lhe convém, não é sobre lutas sociais, é sobre qual grupo gera mais dinheiro para ela.
Oi, pois é, agradeço o feedback. Voltando a publicar. Abraços.