Os mecanismos da inflamação e consumo do açúcar. Este é o primeiro de vários tópicos que vou esmiuçar com você, para chegar até a explicação sobre uma afirmação que muitos têm feito: O açúcar vicia ou não? O que ocorre no organismo para ocorrer a inflamação? Esta é a primeira pergunta que respondo neste post, antes de chegar ao ápice, que é se o açúcar vicia ou não. Vou tentar fazer tudo em três posts que serão distribuídos aqui.
Falam tanto em inflamação, mas será que todos sabem o que é? Qual o mecanismo da inflamação? Ou apenas repetimos sem compreender realmente sua importância e como acontece? quais substâncias atuam no mecanismo da inflamação? É interessante ler alguns posts que podem ajudar no conhecimento geral sobre imunidade, você pode encontrar aqui e aqui.
O processo inflamatório é definido como um conjunto de alterações fisiológicas, bioquímicas e imunológicas em resposta a estímulos agressivos ao organismo. Participam do processo inflamatório vasos e células sanguíneas, proteínas e mediadores químicos. Momentos após a agressão sofrida, é a fase aguda, onde ocorre aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular, com recrutamento de leucócitos (glóbulos brancos) no foco da lesão, que vão liberar mediadores inflamatórios. Os leucócitos são fundamentais para o sistema imune do organismo e, são constituídos por linfócitos, neutrófilos, eosinófilos, monócitos e basófilos. E cada um deles exerce uma função específica na defesa contra infecções, patógenos ou anormalidades do corpo.
A inflamação pode ser aguda ou crônica. Inflamação aguda, caracterizada por início rápido e curta duração. Ocorre exsudação de líquido e proteínas plasmáticas, além de acúmulo de leucócitos, principalmente neutrófilos. A inflamação crônica tem longa duração, é caracterizada pela presença de linfócitos e macrófagos, com proliferação vascular associada e fibrose. Tanto na inflamação aguda como na crônica, mediadores inflamatório agem de maneira local ou sistêmica, ativando outras células envolvidas com o processo inflamatório: células endoteliais, fibroblastos e células do sistema fagocítico mononuclear. Podem ser observados então febre, hipotensão, leucocitose, caquexia, alterações no metabolismo de lipídeos e lipoproteínas – vai ocorrer o aumento de triglicérides, secreção de VLDL e supressão da oxidação de ácidos graxos.
Em relação ao consumo de carboidratos e os mecanismos da inflamação. Quando uma pessoa consome uma alimentação rica em carboidratos, ocorre hiperglicemia pós-prandial. O mesmo acontece ao se ingerir dieta rica em lipídeos, nesse caso, o nome é hipertrigliceridemia. As duas situações podem induzir a ocorrência de estresse oxidativo, com formação de espécies reativas de oxigênio (ROS). Dados na literatura apresentam que este estresse oxidativo é acompanhado por inflamação pós-prandial e função endotelial comprometida.
E aí, vem o X da questão, há relatos na literatura, supondo que esta inflamação aguda, pode provocar redução da sensibilidade à insulina e que o estado alimentado, em situações de sobrecarga metabólica, é um fator para o desenvolvimento de doenças crônicas. E alguns destes mediadores inflamatórios podem desencadear insulino-resistência, e não só em pessoas obesas, mas também nos não obesos. Este é o motivo dos relatos científicos apontarem que o elevado consumo de alimentação rica, em GORDURAS ou GLICOSE, pode provocar resposta inflamatória em curto período de tempo.
Neste contexto, o padrão alimentar consumido tem sido destacado como importante para os efeitos dos mecanismos da inflamação. O padrão alimentar ocidental é caracterizado por um elevado consumo de carnes vermelhas, grãos refinados, leite e derivados integrais, fast food, gordura saturada e açúcares. Já existem estudos que constataram aumento de espécies reativas de oxigênio (ROS) e ativação do fator de transcrição nuclear NF-κβ em leucócitos circulantes, após poucas horas de ingestão de alimentação rica em gordura e carboidratos. Esta inflamação, também conhecida como “metainflamação” (inflamação inicializada metabolicamente) ou “inflamação latente” não apresenta as características da inflamação clássica (dor, rubor, inchaço e calor).
O mecanismo da inflamação desencadeada por alimentação não está totalmente elucidado, embora muitos pesquisadores já estejam trabalhando para compreender o processo como um todo . Existem algumas teorias que vou apresentar no próximo post, que será a continuação deste. Enquanto isso, curtam o aprendizado, me acompanhem pelas redes sociais. Se gostou recomenda o blog aos colegas, informação boa e com fundamentação científica precisa ser divulgada.