A depressão nos tempos atuais tem sido apontada como uma das principais causas para o afastamento de trabalhadores. Incapacitando os indivíduos de realizar seus afazeres profissionais, bem como de vivenciar sua existência nas dimensões sociais e coletivas, isto devido à introspecção e ao isolamento que tais estados afetivos implicam. A depressão é classificada como uma doença psicossomática, no entanto, a manifestação através de sinais e sintomas são típicos de desequilíbrio metabólico, apresentando importante impacto nas atividades dos neurotransmissores. Os sinais e sintomas que podem ser destacados são:

– Perda do prazer;

– Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;

– Dificuldade de concentração;

– Fadiga;

– Insônia ou Hipersonia;

– Perda ou ganho de peso.

O psiquiatra considera que o paciente está depressivo quando pelo menos quatro das manifestações supracitadas são percebidas.

A doença pode ser causada por fatores adquiridos, herança genética, ou ambos. Uma vez instalada, a depressão vai promover desequilíbrio nas reações bioquímicas, notadamente nos neurônios, em razão da deficiência de um importante aminoácido, o TRIPTOFANO. Dentre os 20 aminoácidos que compõem as proteínas, enzimas e hormônios e neurotransmissores, 12 deles são produzidos pelo próprio organismo humano: glicina, alanina, serina, histidina, asparagina, glutamina, cisteína, prolina, tirosina, arginina, ácido glutâmico e ácido aspártico. Enquanto os 08 restantes são obtidos através da alimentação: TRIPTOFANO, lisina, leucina, fenilalanina, valina, treonina, isoleucina e metionina. Todos estes aminoácidos participam de atividades metabólicas nas células.

O aminoácido TRIPTOFANO é convertido, no sistema nervoso central, em SEROTONINA, um neurotransmissor, cuja função é conduzir a transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra. Os neurotransmissores trabalham sem parar no cérebro para garantir nossa cota diária de felicidade, para que possamos viver com mais percepção, mais imaginação, mais raciocínio. Eventualmente, o triptofano ainda pode ser convertido em melatonina, hormônio relacionado com a regulação do sono e que é sintetizado pela glândula pineal

A serotonina, controla os níveis de adrenalina em nosso organismo. Quando em níveis orgânicos adequados, o TRIPTOFANO e, consequentemente, a SEROTONINA, participam das reações que induzem o sono, diminuem a dor e controlam a ansiedade, atuando, portanto, como ANTIDEPRESSIVOS NATURAIS.

Dessa forma, a depressão pode estar relacionada a diminuição da oferta de alimentos ricos em triptofano. Por outro lado, a depressão também pode ser causada por estresses celulares crônicos que atingem sinalizações importantes dos neurônios. Esses estresses celulares são induzidos principalmente por emoções intensas, bem como por interferentes químicos capazes de desequilibrar o metabolismo celular. As emoções intensas incluem a perda de familiares ou amigos muito queridos, violências pessoais, perda de emprego, assédio moral, aposentadoria sem a devida preparação etc. Esses fatores, certamente contribuem para a desorganização alimentar e manutenção da rotina da vida, fatos que podem ter importantes reflexos metabólicos, principalmente nas atividades de neurotransmissores.

Se você perceber ou, pessoas próximas, sinalizarem que você está com os sinais e sintomas supracitados, é necessário buscar ajuda médica. Muitas vezes, as pessoas buscam apenas a ajuda de terapeutas e/ou psicólogos. Mas o desequilíbrio metabólico só será resolvido com a intervenção do médico psiquiatra, que irá fazer a prescrição adequada de medicamentos e recomendações adicionais. A terapia com psicólogos poderá ser um importante aliado para tratar a depressão, mas apenas ela, não reverterá o quadro sintomático decorrente do desequilíbrio bioquímico já instalado.

Considerando o que foi escrito sobre o aminoácido TRIPTOFANO e sua relação com a depressão, uma alimentação rica neste nutriente será um forte aliado no tratamento da doença. Neste contexto, os alimentos que apresentam quantidades significativas do triptofano é a banana (uma das frutas que apresentam maior quantidade deste aminoácido), amêndoas, nozes, castanhas, chocolate amargo, peixes, peru, ovos, leguminosas (feijões, lentilha, soja), semente de abóbora, levedo de cerveja, linhaça, aveia, cereais integrais, requeijão, queijos.

E para estimular o consumo de triptofano, aí vai uma receita bem simples de bolachinhas de aveia, rica em triptofano: ½ kg de aveia batida no liquidificador, 1 xícara de castanha-do-pará, 6 bananas nanicas amassadas, raspinhas de limão e uma pitada de sal, água suficiente para deixar a massa firme. Amassar todos os ingredientes, formar bolinhas pequenas e levar para assar em forno moderado. Se quiser, pode colocar açúcar (é opcional fazer doce ou salgada).