O Resveratrol (RSV) é um composto polifenólico, encontrado predominantemente na natureza, na planta Polygonum cuspidatum e na película das uvas (Vitis vinifera), estando presente em menores quantidades no amendoim, groselhas vermelhas e no cranberry. O RSV apresenta um forte potencial de interesse clínico em várias áreas como doenças cardíacas, quimioprevenção no cancro, obesidade, anti-envelhecimento, desregulações metabólicas, diabetes tipo 2, osteoporose e neuroproteção.
A utilização do RSV tem sido bastante valorizada algum tempo, isso em grande parte em razão do “paradoxo francês”, que trata da população francesa, consumidores frequentes de manteiga, creme de leite, queijos, carnes, ou seja, gordura saturada; por outro lado, praticam pouca atividade física, entretanto apresentam como hábito cultural ingerir vinho tinto moderadamente durante as refeições. No entanto, apresentam baixa predisposição para desenvolver doenças cardíacas, este povo demonstra um percentual de infartes inferior a 40%, quando comparados com outros povos europeus.
Mas o consumo do Resveratrol como tem sido propagado, na forma de consumo moderado de vinho tinto, vai de encontro a estudos recentes sobre o consumo do álcool. Dados de uma pesquisa publicada em agosto de 2018 na The Lancet, conceituada revista médica, demonstram que em 2016, quase 3 milhões de mortes em todo o mundo foram atribuídas ao uso de álcool, incluindo 12% de mortes em homens entre 15 e 49 anos de idade. A pesquisa realizada no Instituto de Métricas e Saúde da Universidade de Washington, foi conduzida pela Professora de Saúde Global Dra. Emmanuela Kagidou, PhD pela Universidade de Harvard. Os resultados encontrados nas pesquisas são consistentes com outras pesquisas recentes, foram demonstrados correlações claras e convincentes entre o consumo de álcool e mortes prematuras, câncer e problemas cardiovasculares. Na verdade, o consumo zero de álcool minimiza o risco geral de perda de saúde. O estudo não diferenciou entre cerveja, vinho e licor em razão da falta de evidências para estimar a carga da doença, mas os dados sobre a relação entre o consumo de álcool e as mortes são relevantes para enfatizar a importância de reduzir de imediato o consumo de substâncias alcoólicas. Os resultados da pesquisa quebra o mito de que consumir duas doses de álcool por dia é bom para a saúde, assim, é importante que políticas públicas para estimular a redução ou abstenção total do consumo de bebidas alcoólicas sejam iniciadas, a exemplo do que ocorre com o cigarro, onde são realizadas campanhas para inibir ou reduzir o consumo.